Está bem, vamos!
Sei que para a minha geração é um tanto desconfortável tomar uma postura. Principalmente porque crescemos aprendendo que o trunfo de nossa era é a pluralidade.
Concordo!
O problema é usar a pluralidade como desculpa para não assumir opinião nenhuma. Usando o diálogo, e um certo discurso barato de "mente aberta e moderna", a geração-informação se esconde atrás de todas as variantes possíveis e não mostra a cara.
Pois bem, vou mostrar a minha.
O perigo da relativização das coisas é que, não enxergando claramente coisa alguma, não se sabe ao certo com qual se identificar. Ficamos então a mercê da defesa mais bem elaborada de argumentos.
Me chamem de radical se quiserem. Mas o mundo era bem mais simples quando se aproximava do preto ou branco.
Calma! CALMA!!! Isso não significa que somos planos, que as relações sociais são planas, que as questões filosóficas e políticas são planas, que as questões morais são planas. Muito menos que concordo com uma etiquetação de pessoas. Não confundam defender uma certeza pessoal com falta de respeito às ideologias contrárias. Pelo contrário! Só posso dialogar e argumentar a partir do momento que sei o bem o que defender.
Não me incomoda ideias contrárias. Me incomoda profundamente a ausência de ideias. Os discursos comprados, as atitudes imitadas, a ingestão de conceitos pacificamente, o "deixa a vida me levar".
Peraí... As regalias sociais que minha geração usufrui foram conquistadas por outra que sabia bem o que queria! Portanto, imitando o exemplo, vou defender, preto no branco, o que quero, certo?
-Não apoiarei nenhuma ideia, nenhum líder, seja político ou religioso, que seja ambíguo. Como assim? Que se diz do povo, mas solapa o povo; que compra esse povo com esmolas, como quem dá um docinho pra criança não perceber que foi enganada, que não tem realmente o que quer nem o que precisa. Que usa o púlpito pra se promover e/ou se enriquecer.
- Não admito, de forma alguma, a distorção e a utilização distorcida do discurso original da pessoa de Jesus, creia-se nele ou não, ou de qualquer outro, para fins inescrupulosos. Não estava na boca de Cristo, por exemplo, a homofobia ou a lavagem de dinheiro, como não estava na boca de Maomé a guerra "santa".
Ps: Não, não concordo com as defesas diversas ao homossexualismo, nem compactuo com a sexualização infantil disfarçada de informação. Mas não mudo meu traçado na rua pra não encontrar com um gay, não lanço pedras nem piadas de mal gosto, e abomino quem assim faz.
Na verdade não entendo ainda o porquê dos ditos "cristãos" se escandalizarem mais com um casal homossexual do que com um hetero que seja promíscuo, ou com um casamento em frangalhos. Hipocrisia demais esconder a sua distorção aos padrões divinos só porque são mais "aceitáveis" socialmente!
- Não sou a favor do aborto. Sim, é bem possível que a legalização seja apenas a constatação de que ele existe, e continuará existindo fora da lei, talvez até com maiores riscos. Mas o que se torna oficial, regido por leis, é uma declaração estatal de permissão. A partir do momento que a lei permite, não há argumentos contra a prática. Afinal, se não se é contra por princípios morais, que seja legais, pelo menos.
Mas na verdade...essas discussões que estão na pauta das disputas eleitorais são, em essência, a mesmíssima postura a que, linhas acima, afirmei abominar.
Um governo que discute se se deve ou não legalizar o aborto está mascarando o problema de fato: existem meninas que, por n motivos, preferem abortar. Peraí....que n motivos são esses? quais suas causas? O que o governo fará, por exemplo, para combater a prostituição? Heim? Tem algum engravatado tocando NESSE assunto?
E a questão da falta completa de educação de base de qualidade, que poderia formar mão de obra qualificada, o que aumentaria as chances de empregos da população, e de renda por consequência...Tem alguém com um projeto decente que cubra ESSA questão? Tem?? Ou ficaremos discutindo o tamanho do doce, quanto será o salário mínimo, ou seja, o valor do bolsa-família?
O que se diz sobre a impunidade de corruptos? O que o próximo governo fará para combater a perpetuação de "fichas sujas" em Brasília? Quais os projetos para que a economia do Brasil se torne sustentável ecologicamente? O que faremos com os problemas de poluição crescente? Como resolver o trânsito de São Paulo e do país?
E peraí... Cadê os críticos? Onde foram parar os jornalistas polêmicos, que bombardeavam os jornais, os programas de plateia, as revistas com críticas sólidas? Cadê esses caras? O que fizeram deles?
Peraí de novo... cadê os artistas politicamente ativos, cadê as músicas usadas para desmascarar o governo, cadê os romances críticos, os filmes críticos? Cadê a noção crítica da juventude? Sumiu com as cores? Cadê??
Não me interessa! Não serei mais uma "cinza" da sociedade moderna, engolindo todos os discursos, não pondo nenhum à prova, esquecendo do que é importante pra dar um rolê no shopping e assistir Crepúsculo!
Estou aqui, sem máscaras, preto no branco! Se quiser, dê um tapa, fique a vontade. Só não me peça pra me esconder!