O moderno passou,
a luz apagou,
o indivíduo sumiu,
a ideologia esfriou,
e agora, José ?
fazer o quê?
se saber é luxo,
livros são velharias,
poemas são caretas,
romances são difíceis,
contos, inexplicáveis?
você que estuda,
que quer ser alguém
você que faz versos,
que ama a cultura,
e agora, José ?
Está sem dinheiro,
está sem discurso,
está sem ideia,
já não pode sonhar,
e pesquisa, pra quê?,
se sua área é inútil,
não enriquece o patrão,
não dá emprego pro jovem,
e nenhum salarião,
não veio a bolsa,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?
E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua educação,
sua biblioteca,
sua formação de ouro,
sua revolução,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
nem aluno quer mais
saber se cultura forma;
Formar o que mesmo?
consciência?!
José, e agora ?
Se você estudasse,
qualquer curso técnico,
se você tivesse
utilidade prática,
se construísse
invenções tecnológicas,
se você não pensasse…
Mas você pensa,
você é duro, José !
Sozinho no escuro
qual um intelectual
sem bolsa,
sem prestígio
sem público,
sem respeito
que te dê voz e vez,
você é culto, José !
José, pra quê ?
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