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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E a cultura, José?


O moderno passou,

a luz apagou,

o indivíduo sumiu,

a ideologia esfriou,

e agora, José ?

fazer o quê?

se saber é luxo,

livros são velharias,

poemas são caretas,

romances são difíceis,

contos, inexplicáveis?

você que estuda,

que quer ser alguém

você que faz versos,

que ama a cultura,

e agora, José ?


Está sem dinheiro,

está sem discurso,

está sem ideia,

já não pode sonhar,

e pesquisa, pra quê?,

se sua área é inútil,

não enriquece o patrão,

não dá emprego pro jovem,

e nenhum salarião,

não veio a bolsa,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?


E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua educação,

sua biblioteca,

sua formação de ouro,

sua revolução,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?


Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

nem aluno quer mais

saber se cultura forma;

Formar o que mesmo?

consciência?!

José, e agora ?


Se você estudasse,

qualquer curso técnico,

se você tivesse

utilidade prática,

se construísse

invenções tecnológicas,

se você não pensasse…

Mas você pensa,

você é duro, José !


Sozinho no escuro

qual um intelectual

sem bolsa,

sem prestígio

sem público,

sem respeito

que te dê voz e vez,

você é culto, José !

José, pra quê ?

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