Um dia desses me perguntaram qual é a minha cor preferida. Para quê? Para um presente, oras! Não soube responder. Ah, qual é, você deve ter uma cor preferida! Disse que não. Menti. Claro que tenho... É que é meio difícil de explicar...
São várias as cores que gosto. Adoro cor de chocolate quente feito pela mãe em dia de frio. Ou de chocolate dado pelo namorado, comprado na padaria da esquina. Enfim, gosto de chocolate, quem não gosta? Doce, derrete na boca, vai embora devagarinho e sempre deixa uma sensação de "poderia durar mais".
Na verdade, gosto de tudo que poderia durar mais. E gosto de azul. O azul de um céu limpo, de um dia de praia. O azul da piscina gelada e rasa dos fundos da casa da vó onde encontrava primos, brinquedos e fantasias. O azul do uniforme da escola preferida.
Também gosto de verde escuro. De todos os campinhos que joguei bola, de todos os gramados que sentei pra contar piada, estrelas, beijos... Dos cochilos em gramas macias, de cheiro de grama molhada de chuva de verão e de lágrimas derramadas escondido.
Adoro o branco! Das gotas da chuva, da espuma da cachoeira, de névoa que sai de nossa boca no frio. Gosto da clareza do branco, da clareza de ideias e de valores. Da frescura e da limpeza do branco. Gosto de algodão e de nuvens, e passando por uma em queda livre pude jurar que são a mesma coisa! Gosto do branco dos dentes, principalmente se aparecem emoldurados num sorriso doce ou numa risada boa.
Acreditem, gosto do preto. Da noite estrelada, do silêncio. Da sensação de refúgio e de nostalgia da penumbra. Do mistério. Gosto de um cantinho escuro que não me deixe ver nada além de meus pensamentos.
Gosto muito, muito de vermelho. Como maçã, como rosas e como sangue. Cor ambígua, não? Intensa, cheira à vida e à morte, cheira a amor e à paixão, cheira a paraíso e perdição. O vermelho me faz lembrar que as grandes potências da vida podem levar aos céus ou ao inferno, depende de como as utiliza. Pode ser profundamente bela e gratificante, também perigosa e mortal. Intensa e quente.
Oras, Elisa, é simples: escolha uma delas! Não dá, gente... Porque as cores que gosto de verdade não existem! Vou explicar...
Gosto da cor lilás do abraço. Um abraço é mágico e tem o poder, um gesto tão simples, de acalentar e suprir as mais profundas necessidades psíquicas do ser humano. Ser acolhido, ser protegido, ser respeitado, ser desejado, ser amparado... Está tudo ali, num simples abraço! E gosto da cor bege do colo. Aliás, bege e lilás ficam lindos juntos!
Gosto da cor metálica da amizade, sólida como titânio. Pode ser marcada com o tempo, pode sofrer mutações mas pra quebrar... E com o tempo, polida e moldada, vira cumplicidade e brilha. Nada como uma prataria lustrada e brilhante!
Também gosto do amarelo quente de um dia de sol radiante. De manhãs radiantes, de sorrisos radiantes, de olhares radiantes. Mas no geral, o amarelo cai bem no dourado que ando carregando na mão...
Mas a preferida, sem sombras de dúvida, é o verde-mel-castanho. Essa cor, se eu pudesse, encheria o planeta inteiro com ela! Porque é o começo e o motivo de tudo. E é tão única que adora ser furta-cor: muda conforme a luz do dia, a intensidade do sentimento e a frequência cardíaca. Muda conforme o humor e a umidade do lugar. Muda conforme o brilho do sorriso e conforme a intensidade da saudade. Ela é tão especial e rara que quando a descobri no planeta pensei: "Feliz quem puder desfrutar dela pra sempre!" Pois é, morram de inveja...
Mas Elisa, afinal, qual é a cor do seu enxoval? Bom, tem de tudo um pouco. De esperança, de gratidão, de molecagem. Tem um pouco de vermelho, rosa, lilás, azul, branco, preto, cinza, amarelo, verde... Tem um tanto de história, de milagres (os grandes e os pequenos). Tem um pouco de erros, de crescimento, de ansiedade, de lágrimas. É mais plural que o arco-íris, garanto! Então tanto faz: escolha a cor que quiser para o presente. A única cor que faço questão de ter eu já tenho: a do brilho apaixonado dos olhos do homem que amo. As demais, são todas bem vindas, sem preconceitos!
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