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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

As mulheres que habitam em mim

Hoje o papo é exclusivamente feminino.
Garotas, puxem a cadeira, tirem o salto, e tragam uma água gelada!

O que acontece conosco? Temos essa mania de não assumirmos nosso papel feminino e sofremos à toa!
Li, de uma sentada, o livro da Sherry Argov, e me deu raiva por dois motivos:

1- Por que não tive a ideia antes? A maioria das dicas presentes no livro eu sei desde os 17 anos. Então por que cargas d' água não escrevi isso?

2- Por que, vira e mexe, passo por períodos de "amnésia"? Me esqueço de absolutamente tudo e me torno a garota boba, comum e sem graça como 90% das garotas ingênuas são. Que coisa!
O que acontece conosco?

Não sei vocês, mas fui criada para ser autêntica. Na verdade, meus pais nem sabiam o que estavam fazendo, e creio que não foi consciente. Mas a cultura, as boas escolas, as boas companhias, o exemplo de mulheres incríveis me fizeram sonhar em ser MULHER, isso mesmo, em caixa alta! Mulher que pensa por si, que sabe o que quer, que impõe respeito e limites. Mulher verdadeira que ama profundamente, mas que escolhe e não se submete passivamente. Na linguagem de Argov, uma mulher poderosa.

E sim, a fui várias vezes. Inclusive, uma análise fria me faz admitir que as melhores coisas que conquistei até hoje na vida são frutos de épocas em que esta mulher, a segura e plena, estava no comando: quando resolvi entrar na maior universidade do país; quando resolvi amar o homem que eu quisesse; quando finquei os alicerces de minhas convicções e ideais.

Mas, todas nós sabemos, somos várias em uma. Eu, no fundo, sou basicamente duas: a Elisa travessa, risonha, segura e independente de um lado (chamemos de Elisa 1); a Elisa meiga, doce, flexível e sensível de outro (a Elisa 2). Um bom duo, verdade, quando andam juntas. O problema é quando as mulheres que habitam em mim resolvem ou brigar entre si ou mandar uma na outra. Eis o estrago.

Se sou apenas a 1, viro tirana e inconsequente. Me achando forte e intocável demais, sou capaz de me expor demais, de me arriscar demais, e de ser má a ponto de afastar oportunidades e pessoas. Mas, se sou apenas a 2, viro uma garota boba e subserviente, carente demais, medrosa demais, dócil e boba a ponto  de deixar que as pessoas me vejam por descartável, seja profissional ou relacionalmente.

Então, como usarmos as armas que estão em nós desde que nascemos? Como lidar com carências e regiões sensíveis? Como potencializar os poderes ao nosso favor? Simples: sendo MULHER, todas que somos ao mesmo tempo. Não deixe de ser segura para ser dócil, mas não deixe de ser dócil por ser segura. Ambíguo? Pois é, ambiguidade é, e deve ser, nosso sobrenome.

E caso se esqueçam disso, como acontece comigo vez por outra, encontrem uma forma de se lembrar: qualquer uma. Uma amiga, um livro, um íma de geladeira, qualquer coisa. Só não deixe de ser A mulher para ser UMA mulher!

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