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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mulher 3.0

"A mulher de 30 anos" de Balzac é um clássico que ainda não li, e pretendo fazê-lo antes dos 30. Como estou na fase de preparação, prestes a completar 3 pra 30 (número interesante...), ando lendo algumas coisas, e concordo com a maioria.

Sinto-me exatamente assim: no meio. Por um lado minha vida ainda tem gosto de fim da adolescência, eu não me vejo uma mulher madura. Por outro, começa a cair a ficha de que não sou tão nova mais: algumas crianças que peguei no colo já são adolescentes. E, no meu caso, piora porque algumas coisas eu fiz mais tarde do que a maioria: entrei para a faculdade tarde, comecei a namorar sério tarde. Então, agora, beirando os 30, estou terminando a primeira graduação, quando a maioria das mulheres da mesma idade está na pós, e estou noiva pela primeira vez, quando a maioria das mulheres de mesma idade está se divorciando pela primeira vez. Sim, sou um pouco devagar.

Isso porque decidi ser criança. Joguei bola na rua até os 14 anos; usei salto pela primeira vez só com 18 e ainda jogo videogame. O primeiro beijo oficial veio com 21, isso não contando os selinhos infantis. Meu primeiro emprego foi aos 22 e parei de boiar nas piadas maliciosas a partir dos 24.

Resumindo: chegar aos 30 foi fácil, e rápido, assustadoramente. E é aos 30 que começarei a ter vida de adulto, com direito a casa, carreira, pós, carro, marido, contas, e neura por academia (já a sinto antecipadamente).

Por outro lado, tenho alguns sintomas dos 30 anos: estou segura, em praticamente tudo. Já passei da fase de me perguntar se sou bonita, se sou inteligente ou se alguém vai gostar de mim; já passei da fase de não saber o que fazer, que conselho ouvir. E faz tempo que passei da fase da necessidade de autoafirmação. Neste ponto os cronistas estão certos: assumo tudo. O que penso, o que sinto, o que quero; sem rodeios, sem joguinhos, sem doce. Não fiz plástica, e sim, ao contrário das de 20, nunca fiquei. Demorei para entrar em relacionamentos, mas quando o fiz, entrei de vez. Adoro flores e minha cadela, mas não tenho as primeiras por falta de tempo para cultivá-las; adoro rosas! E já estou pensando o que fazer antes de fazer trinta: uma tatuagem? Comprar uma moto? Uma viagem do tipo mochilão ou acampar ao pé de uma cachoeira erma?
Tudo isso atraí porque são coisas que minha versão 20 sempre quis fazer mas não era madura o suficiente. Falo de sexo sem o pudor exagerado das "mocinhas", mas sem a baixeza das "rodadas". Filosofo sem a fé dos jovens, mas sem o ceticismo dos velhos. Faço planos. Me permito sonhar, e acordo cedo para trabalhar.

É bom ter quase trinta. E tenho certeza que ter 30 será melhor ainda!

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,,EPT670368-2813,00.html

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