Tive acesso a um artigo essa semana. Um “especialista”, de uma instituição de ensino renomada internacionalmente, se deu ao trabalho de fazer uma pesquisa sobre um dos maiores tabus da atualidade. Resultado? Bom... eu já sabia.
Desculpem-me a modéstia. Não quero aqui me vangloriar. Mas não posso deixar de sorrir e dizer: eu já sabia.
Vou explicar:
Um cientista (não vou nomear por respeito) um dos poucos com quem tenho contato – um dos bons, acreditem; desses que todo mundo conhece, de pelo menos ouvir falar, por isso vou deixá-lo anônimo – certa vez me contou sua experiência pessoal. Fui pedir a ele, na época, com um pouco de medo é verdade, que me explicasse o que pra mim era antagônico: como um homem tão culto, herdeiro do pensamento iluminista-cartesiano-metodológico-branco-de-laboratório poderia defender as mesmas bases filosóficas, teológicas e morais que eu, o que a princípio negavam os pilares que sustentavam seu trabalho. Foi quando me contou um "causo" que me marcou para sempre.
Meu amigo (licença para chamá-lo de amigo) explicou-me o que viveu através de uma ilustração:
Um dia se viu igual a um homem cuja missão era subir uma montanha misteriosa e belíssima, perscrutá-la, entendê-la para, finalmente, chegar ao topo. Isso porque lá, diziam, estava a fonte da verdade. A montanha era tão alta que de lá de cima se poderia ver tudo aqui embaixo. Talvez ele entenderia os mistérios da vida, vendo-os de um plano mais alto.
Pôs-se à empreitada. Na verdade, a herdou. Sim, porque homens de sua família já tinham gastado a vida inteira para subir alguns metros da montanha. Então tinha certa vantagem, já que não tinha que começar do zero. Estudou, montou uma equipe, comprou uma parafernália para vencer a montanha, centímetro por centímetro. E quanto mais difícil ficava, mais pessoas se uniam a ele em busca do topo, mais parafernálias eram criadas para fazer a conquista possível. E nisso gastou anos de vida, sacrificou sonhos, amigos, família, diversão, dinheiro, tudo. Vivia de sua busca heróica.
Depois de muito tempo, no auge da carreira, viu que talvez seria possível; seria um dos poucos que chegaria ao topo antes de morrer. Se desvinculou de tudo o que o atrapalhava, deixou amigos de caminhada para trás e não cuidava mais das próprias feridas. Deu tudo, até sua saúde. Sangrou e chegou lá. A verdade que buscava estava diante de si, apenas alguns metros acima.
Levou um tremendo susto, o susto que transformou e, palavras dele, salvou sua vida.
Quando chegou ao topo se viu numa cena, no mínimo, curiosa: homens, uns mais velhos, outros de idade próxima à dele, vestidos à antiga, sentados à beira do precipício, olhando a paisagem calmamente; sorriam, conversavam, e tratavam a montanha como se ela fosse o quintal de suas casas. Olhou em volta e ficou mais intrigado ainda: nenhum equipamento, nenhuma barraca, nenhum arranhão. Nada. Nem cansados estavam. Será que moravam ali?
A.L. (meu amigo) – Olá... vocês MORAM...aqui?!
Desconhecido – Não, claro que não. Venho aqui sempre.
A.L – “venho aqui SEMPRE?” – Como assim?
Desconhecido – Oras, não posso? Venho quando quero olhar a paisagem. Gosto daqui, é bom pra pensar, repor as energias!
A.L. – “esse cara deve tá tirando uma com a minha cara” – Desculpe, mas não entendi. Como pode “vir aqui sempre”? Ou você tem mais de mil anos de idade, ou mora aqui. Não dá pra subir essa montanha “sempre que se quer”!!
D. – Como não?
(silêncio)
Imaginem o estado de choque que meu pobre amigo ficou. Não podia acreditar no que via e ouvia. Era surreal! Devia ter desmaiado e estava delirando. Tentou começar do começo, depois de alguns minutos se recompondo.
A.L – Certo, desculpe-me incomodá-lo novamente. Mas pra mim, é muito importante saber. Por favor, me diga, como faz pra ter acesso às verdades daqui de cima assim, todo dia? Só para o senhor entender o grau de loucura que isso soa aos meus ouvidos: estamos, eu, meus amigos, minha família, todos que conheço, há gerações....o senhor ouviu? GERAÇÕES tentando subir esta montanha, vencendo centímetro por centímetro. Sou o primeiro, em séculos de história, a sobreviver e chegar ao topo!! Como você simplesmente vem quando quer??
D. – Entendo... você precisou descobrir a montanha sozinho, não é?
Era demais! Meu amigo sentou-se numa pedra e chorou ... de raiva! Isso era um absurdo, um bisturi em seu sistema nervoso! O desorientou, não podia acreditar. Se entendia bem, e como é inteligente pescou de cara o que aquelas palavras queriam dizer: havia quem soubesse o caminho, que passou pra alguém, que passou pra alguém... que encurtava o tempo da subida, de séculos para algumas horas! A diferença era tão absurda, e apertava tanto o seu coração! Lembrou de tudo e de todos que abriu mão; do tempo gasto; dos amigos mortos... e alguém sabia....ALGUÉM SABIA!!
A.L – então... (disse, depois de outro período de silêncio) ... você não descobriu sozinho? Alguém te guiou?
D. – ham....não. Ninguém me guiou. Vim sozinho.
A.L. – ai... – ele não tinha forças, nem pra brigar mais – como assim?
D. – Ganhei o livro de aniversário, presente de meu pai, herança de família. Não tinha vontade, nem coragem, nem tempo pra subir. Até que precisei ver o que tinha aqui em cima. Li as instruções e vim sozinho.
A.L. – Instruções? ... Livro?!
D. – Sim... um livro velho....tão velho que precisei copiá-lo, as páginas originais nem existem mais. Muitos tinham um desses, muitos já vieram aqui, eu que demorei pra querer subir.
A.L. – “muitos...” Quer dizer que enquanto todas as gerações de minha família tentavam subir um centímetro, os da sua subiam e desciam todos os dias?
D. – Me desculpe....sim.
Bom, meu amigo chorou de novo. Mas dessa vez foi de pena de si mesmo. Se sentiu o cara mais miserável, ignorante e digno de pena que conhecia.
D. – Ei moço, não precisa chorar. Pode ficar com a minha cópia do mapa. Assim o senhor desce rápido e mostra pro povo lá de baixo pra eles poderem subir também! Toma!
Ele pegou a cópia, um livro grosso, cheirando a mofo, escrito à antiga. Mas estavam lá: todos os cantinhos da montanha. Todos os atalhos, todos os perigos, todas as curvas. E um traçado mostrando o caminho mais curto. Parecia ser o mais difícil, mas o desconhecido garantiu ser o mais seguro.
Depois de se recompor, passeou no topo da montanha. Sim, dali de cima tudo fazia sentido. Dava pra ver tudo lá embaixo. Andou mais um pouco e se frustrou de novo: uma de suas “verdades” que tinha demorado pra descobrir, tinha ganhado prêmio por ela, estava num cantinho, no caminho da volta. Ali, pra qualquer um ver, pra qualquer um ter acesso. Tanto tempo perdido! Subiu ali só pra ouvir um monte de gente estranha e “atrasada” dizer “eu já sabia”.
Essa história eu guardei com carinho. Primeiro porque a fonte tinha um tanto de autoridade pra dar peso ao que ela significa. Segundo, porque sabia que um dia precisaria dela. E esse dia chegou.
Gente, eu sabia. Sim, faz tempo. Que o especialista não me leve a mal. Sei que não sou muito culta, tenho ideias atrasadas, falo “à antiga” também. Mas é que, como aquele desconhecido, tive acesso ao livro. E diferente do meu amigo, muito cedo. Lembro-me com carinho de meu amigo, ao se despedir, me olhou nos olhos, os seus marejados, e disse: “dê valor, viu! Eu queria ter tido o livro na sua idade!”
Caro amigo, obrigada! De coração! Tenho tentado seguir seus conselhos de viajante calejado!
Em honra ao meu amigo é que digo: especialista, me desculpe, mas eu já sabia! E palmas para Aquele que, com carinho, escreveu e nos deu o mapa para que não perdêssemos tanto tempo, nem sofrêssemos tanto tentando acertar sozinhos!
Segue o link da “descoberta”:
Oi minha linda! Sabe Li eu tbém ja sabia rsrsrsr lindo denmais colei viu amiga com fonte e tudo! Beijos minha linda!
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